Obstetrícia é um ramo da medicina que estuda os fenômenos da reprodução na mulher, lidando com o ciclo Concepção-Gestação-Parto-Puerpério. A etimologia da palavra nos leva ao latim obstare, (ob=em frente, obstáculo + estare=estar), isto é, "estar diante, em frente" da mulher, para receber o bebê quando ele nasce, indicativo da atitude da obstetriz medieval que assistia a parturiente. e da palavra tocologia, do grego, tokoslogos (tokos + logos = parto + estudo), sendo assim, o estudo do parto.
Prenhez, gestação ou gravidez é o estado da mulher que traz no ventre o produto da concepção, uma nova vida que se inicia.
O ciclo menstrual começa no primeiro dia da menstruação e pode durar, em média, de 28 a 32 dias. Normalmente a ovulação ocorre cerca de 14 dias antes do início da próxima menstruação. Comumente se conta que acontecerá entre o 14º e o 16º dias do ciclo. Ressalta-se que, após a ovulação, o tempo de sobrevida do óvulo dentro das trompas não é bem definido, parece estar entre 12 e 24 horas. Já os espermatozóides parecem ter uma sobrevida maior, variando de 24 até 96 horas. Assim, os dias férteis começam antes mesmo da ovulação.
Dos 300 milhões de espermatozóides que povoam cada ejaculação, geralmente poucos alcançam o óvulo e somente um o penetra, o que ocorre cerca de 12 horas após a ovulação. O resultado, a fecundação, é a formação do ovo ou zigoto, que se desdobra progressivamente enquanto transita, até atingir a cavidade uterina, em cuja membrana endometrial penetra e se fixa. A fixação do ovo no útero é chamada de nidação.
O ovo dá origem a duas partes diferentes, uma será a placenta e a outra evoluirá para a formação do embrião e seus anexos. A gravidez humana se desenvolve em 280 dias (40 semanas ou 10 meses lunares). Considera-se normal gravidez de 270 a 290 dias. O parto que ocorre após a 28ª e antes da 40ª semana é chamado de prematuro. Neste caso, a sobrevivência do feto dependerá de seu peso e da sua formação. A interrupção da gestação antes da 28ª semana constitui o abortamento. Os partos que se dão após 290 dias são chamados de serótinos, o feto fica supermaturo e tem sua sobrevivência comprometida, pois há casos de morte in utero. Geralmente a gravidez humana é de apenas um feto.
Este estado gravídico constitui uma condição fisiológica, na qual todas as constantes biológicas da mulher se modificam, produzindo no organismo materno alterações físicas, metabólicas e psicológicas que exigem cuidados especiais. Por isso, a importância do tratamento pré-natal.
No primeiro trimestre da gravidez sobressaem-se os distúrbios de natureza endocrinovegetativa, como náuseas, vômitos, alterações do paladar e quedas súbitas de pressão arterial, podendo inclusive acarretar um quadro clínico de hiperêmese gravídica (excesso de vômito), que exige tratamento hospitalar da paciente, pois acaba gerando inapetência, lassidão física e a queda de peso.
Do 4º mês em diante, o peso da gestante aumenta progressivamente, devido ao aumento do útero, do desenvolvimento e crescimento do bebê e da retenção de líquidos nos tecidos maternos. O aumento rápido e exagerado do peso pode ser sinal de retenção líquida e exige medida corretiva para prevenir o aparecimento do acidente eclâmptico. Orienta-se não deixar o peso aumentar mais de 20% do peso inicial, constituindo como um acréscimo ideal a média de 10 quilos. Deve-se pesquisar cuidadosamente a ocorrência de doenças neste período, como a sífilis, a anemia, a tuberculose, cardiopatia ou diabetes. Nestas três últimas é preciso o acompanhamento de um especialista, a fim de se decidir qual será o melhor tratamento devido ao futuro obstétrico da paciente e do bebê.
A gestante saudável pode e deve exercer suas atividades habituais, em regime de trabalho moderado, evitando a vida sedentária. Deve dormir de 8 a 10 horas diariamente, se alimentar com vitaminas e proteínas vegetais e animais (carnes magras, peixes, ovos, leite e seus derivados, frutas e verduras). O uso de massas e doces deve ser extremamente moderado e a ingestão de alimentos gordos e frituras deve ser reduzida. Condimentos fortes e bebidas alcoólicas devem ser abolidos. Recomenda-se uma vida emocional equilibrada e alegre. A atividade sexual deve ser gradativamente moderada. O uso de medicamentos deve atender somente à prescrição médica, a fim de evitar sua possível atuação sobre o feto. A gestante deve ser examinada mensalmente, pelo seu médico ginecologista/obstetra, para acompanhamento do desenvolvimento do bebê e do seu peso, pressão arterial e presença de edemas. O exame de urina é feito com grande frequência, pois permite ao médico verificar alterações subclínicas, como pré-eclâmpsia e prevenir a eclâmpsia.
O futuro papai, a futura mamãe e o médico que os acompanha devem estar atentos aos tipos sanguíneos, pois em mães portadoras de sangue RH negativo casadas com maridos de sangue RH positivo,os tetos hematológicos para surpreender a imunização feto-placentar devem preocupar o obstetra, pois podem ser acometidas de Eritroblastose fetal (Doença Hemolítica do Recém Nascido - DHRN). A preparação psicoprofilática da gestante para o parto merece atenção. Nas pacientes que vão ter o primeiro filho (primíparas) e naquelas em que haja suspeita clínica de desproporção cefalopélvica, o exame tocoradiográfico justifica-se.
O fim da gestação, culminado pelo parto, é condicionado a três fatores:
1. Força, representada pela contração uterina;
2. Móvel, constituído pelo feto (seu volume, atitude, apresentação e posição, entre outros);
3. Canal formado pela via genital, cercada pelas partes ósseas que constituem a pequena bacia.
O parto Normal ou Eutícico se dá quando todos esses fatores são normais e harmônicos.
Quando ocorre qualquer anormalidade em um ou mais desses fatores, que exige a interferência do obstetra, o parto é chamado Distócico. Neste caso, a conclusão do parto pode ser através de cirurgia transabdominal (Cesariana, Cesárea ou Tomotocia). Esta consiste em incisar o abdome e a parede do útero, para liberar o feto. A origem do termo é controvertida. Segundo Plínio, surgiu por ter sido esse o método cirúrgico aplicado ao nascer Júlio César. Outra versão atribui a origem do termo à Lex caesera, que ordenava a abertura do ventre das mulheres mortas em estado de gravidez. Mais aceita é a filiação do nome ao latim sectio caeserea (cortar), criada pelo jesuíta Teófilo Raynaudus no século XVII. A cesariana somente se difundiu no fim do século XIX, com o aperfeiçoamento da sutura uterina. Atualmente a intervenção é muito simples e muito usada, mas deve sempre obedecer a indicações médicas precisas, pois nada substitui a importância do parto normal para o bebê. Além de que a recuperação da mamãe é mais demorada, uma vez que se trata de uma cirurgia.
Após o parto acontece a eliminação da placenta, seguida de pequena hemorragia (delivramento).

0 comentários:
Postar um comentário